Por: Leonardo Oliveira Teoricamente vivemos em um mundo (ou pelo menos em um país) livre de censura, mas na prática, existem órgãos que reg...

Quer dividir alguma coisa com os amigos?

19:07:00 Blog da PP do Moura Lacerda 0 Comentários


Por: Leonardo Oliveira

Teoricamente vivemos em um mundo (ou pelo menos em um país) livre de censura, mas na prática, existem órgãos que regulam os diversos meios de expressão, sejam eles impressos ou eletrônicos.


Recentemente tem se percebido o aparecimento de um novo “órgão” que pretende impor a moderação do conteúdo vinculado à mídia: o grupo dos politicamente corretos.

O último ataque dos “heróis do bom caráter” foi em cima da campanha do Doritos, criada pela agência AlmapBBDO.

Nas propagandas, indivíduos aparecem dividindo “atitudes de masculinidade duvidosa” com amigos, que observam com surpresa a atitude do rapaz, prontos para tirar um sarro.

É aí que surge o problema. Primeiro veja os vídeos.


Doritos - Like a Virgin



Doritos - YMCA



O grupo dos politicamente corretos alega que as propagandas contêm preconceito e sentidos pejorativos contra a classe homossexual.

Pois bem, à que ponto chegamos. Estão taxando o bom humor nas propagandas (coisa que cada vez está mais rara de se ver, ou pelo menos, de se acertar) de preconceito e descriminação.

Num país onde as empresas pagam em média menos para as mulheres, onde os brancos em média recebem mais, e onde a diferença social é constantemente tratada como medidor de caráter, pessoas insistem em gastar tempo e intelecto, próprio e alheio, debatendo o inexistente preconceito em propagandas bem humoradas, criando eles próprios, sentidos pejorativos onde estes inexistem.

Ora, se partirmos do pressuposto de que toda piadinha que trata de assuntos sujeitos à discussão e interpretação preconceituosa, vamos abolir do nosso cardápio as piadas de loiras, caipiras, bêbados, portugueses e tantos outros.

Vamos retirar do cinema filmes como “Cruzeiro das Loucas”, e banir da programação quadros como o de “Christian Peor e Robaldo Esperman” do Pânico no caso da TV, e “O Incrível Rosca” no caso do rádio.

E quanto a clássicos do nosso humor, como o “Seu Peru” e a “TV Macho”? Hoje seriam com certeza taxados de preconceituosos, racistas e imorais.

Vamos crucificar Jorge Lafon que tanto “chocou” os brasileiros com a exibição histérica do homossexual “Vera Verão”.

E o que dizer de Freddie Mercury, que vestiu a si mesmo e a seus amigos de mulher e encantou o mundo com seu jeito e sua música? Um herege da própria orientação sexual? Ou um herói que teve a capacidade e a personalidade de se assumir e rir de si mesmo?

Pois eu digo uma coisa: em casos como esses, o preconceito parte exatamente daqueles que materializam o sentido pejorativo a cerca de casos onde a maldade inexiste.

Os mesmos “heróis do bom caráter” são os “bandidos da moral”, uma vez que aproveitam a terra preparada por, nestes casos, humoristas e publicitários para plantar as sementes do preconceito, que crescem, e infelizmente às vezes, dão frutos que resultam na discussão sobre ética e racismo, a cerca de assuntos que tinham como propósito divertir e alegrar, ao invés de gastar esforços para mover os moinhos da desigualdade, tão aparentes no nosso dia a dia.

Então, não seja hipócrita a ponto de querer julgar todo e qualquer ato que abra possibilidades de má interpretação, e gaste seu tempo buscando meios de quebrar os paradigmas construídos pelo salto de cristal calçado pelos politicamente corretos.

Quer dividir alguma coisa com os amigos? Divida Bom senso.

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