Organizado pelo Prof. Dr. José Mauro Marinheiro Fernandes – in memorian               A edição e publicação da “Revista Feminina”, reali...

Projeto de Extensão Universitária: Revista Feminina

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Organizado pelo Prof. Dr. José Mauro Marinheiro Fernandes – in memorian


              A edição e publicação da “Revista Feminina”, realizada pelos alunos do primeiro período do Curso de Publicidade do Centro Universitário Moura Lacerda, resulta do projeto de pesquisa cujo objeto de estudo é a compreensão e análise da história da Imprensa escrita no Brasil republicano, tendo como problematização a representação feminina nesses veículos de massa.

              Trata-se de realizar uma leitura histórico e social da representação da mulher nos jornais e revistas a elas direcionados. Um estudo comparativo sobre a condição feminina e o olhar da imprensa, com analise dos discursos e das diversas formas de linguagens manifestas nos veículos de comunicação. A pesquisa traz como abordagem a condição feminina em três épocas bem definidas: a) os primeiros 40 anos da velha e conservadora República Oligárquica, b) dos anos 30 até os anos 50, com o processo de desenvolvimento capitalista e o início da sociabilidade moderna; c) da luta pela emancipação feminina dos anos 60, passando pelo regime autoritário dos anos 70 ao neoliberalismo dos tempos atuais.

              Este trabalho busca compreender este processo tendo como destaque dos caminhos percorridos pelas mulheres na luta e efetivação da cidadania e o papel da imprensa feminina na constituição dos direitos fundamentais da pessoa humana. Dos direitos civis e políticos, relativos a liberdade do ser humano, no começo do século XX, aos direitos sociais, culturais e econômicos, da segunda metade do século passado aos dias atuais, que dizem respeito a igualdade das pessoas, do respeito às diversidades e da pluralidade de ideias e concepções sobre o papel da mulher na sociedade brasileira.

              No processo de pesquisa, os educandos analisam fenômenos históricos e socioeducativos que expressam linguagens conservadoras ou emancipatórias, veiculadas na Imprensa feminina. Mensagens que influenciaram para a reprodução de identidades forjadas durantes quatro séculos com forte influência da cultura de traços patriarcais e machistas, dando forma a consciência ou a falta dela e definindo valores, hábitos e costumes para o “sexo frágil “, ou a sua desconstrução promovida pelos movimentos feministas.
 
              Para desenvolverem o trabalho, tendo como campo de observação e analise a recente indústria cultural brasileira, os estudos tratam de maneira contextualizada a difusão destes hábitos e concepções políticos e ideológicas sobre o papel social da mulher. História que abrange a dinâmica da nascente indústria cultural dos anos 20, tempos que a mulher era súdita do homem e escrava do lar, ao moderno parque industrial gráfico dos anos 50 aos dias atuais, da mulher emancipada e politizada. Todo o processo de luta construído numa sociedade moderna e de consumo, que passa por grandes mobilidades sociais e mudanças profundas na organização da produção capitalista, afetando a vida no campo e nas cidades e superando a moral cristã, tradicional e conservadora.

              A questão feminina posta pela imprensa escrita é tratada na dimensão de uma sociedade que se moderniza e ao mesmo tempo que acentua as desigualdades sociais, raciais e de gênero, que se tornou um grande empecilho para efetivação dos direitos humanos, inalienáveis, imprescritíveis e irrenunciáveis do cidadão e consequentemente uma perda da dignidade da pessoa humana, em particular da mulher. Uma realidade de conflitos permanentes entre valores modernos de cidadania, muitas vezes tolhidos pela moral conservadora, ou assumidos apenas como formas individualistas e consumistas de ser e se realizar.

              Direitos humanos aqui compreendidos não como um aspecto regulador da ordem do capitalista em tempos neoliberais. Direitos cujos princípios se afina com a Teoria do Capital Humano, divulgada pela escola de Chicago nos anos 1960, imbuída de ideais de racionalidade, produtividade, eficiência e organização, que objetiva a formação do cidadão comum, trabalhador e consumidor. Mas, sim, um discurso de dimensão do direito compreendido como um exercício de regulação em nome da emancipação das mulheres, capaz de eliminar as assimetrias políticas, culturais, sociais e econômicas de uma sociedade de classes e em particular da condição feminina.

              Para desenvolver este projeto de pesquisa, caberá aos educandos produzir estudos comparativos, selecionar imagens e textos de época, publicados nestes veículos.  Uma análise dos discursos ideológicos e políticos desta imprensa especializada e dirigida ao público feminino, enquanto produto da rede de significação e dos valores em conflito na sociedade brasileira contemporânea. Espaço da afirmação e luta por direitos humanos.

              Caberá aos grupos trabalharem com temáticas: beleza, trabalho, casamento, moda, namoro, família, sexualidade, política, entre outros.com finalidade de desenvolverem editarem no final do semestre uma “Revista Feminina” sob a orientação do professor de História de Comunicação, num trabalho interdisciplinar, interagindo-se com outras disciplinas: Produção Gráfica e Linguagens.

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